28 de agosto de 2008

Não basta indignação

Estamos indignados. Mas o perigo da indignação é que ela nos purifique e nos alivie. Que nos faça esquecer que a tragédia tem dois lados. Nossa tragédia é a incapacidade total que temos demonstrado para combater o crime. O inimigo não é só o tráfico.
O inimigo é também a desorganização, a falta de verbas, de armas, a falta de vontade política e de imaginação para lutar essa guerra suja, porque é uma guerra. O crime no Rio e em São Paulo não se combate com batidas policiais, espasmos que cessam quando passa a crise do momento. Assim nunca ganharemos.
O crime tem as verbas do pó, das armas, o crime é rápido - tem a vantagem de não ter burocracia. Não adianta só subir morro. A solução começa pela vigilância das fronteiras, passa por uma imensa estratégia policial. E militar.
O tamanho do problema exige uma imensa solução. Precisamos de um estado maior contra o crime. Que assuma que uma guerra já foi declarada.

Um comentário:

Henrique Miranda disse...

Tudo a mais absoluta verdade. Mas (e há sempre um mas...) também necessitamos de uma sociedade civil mais cidadã, menos acomodada e ingênua, que perceba que realmente estamos em guerra e que guerra não se faz com tiros de flores e sem vítimas inocentes. A cada incompetência do aparelho de Estado, todos nós devemos criticar, mas, esquecer a crueldade da guerra necessária para lembrar-se apenas das mortes inevitáveis, é reforçar o inimigo, fazendo o Estado esconder-se da ação para evitar as acusações de assassinato irresponsável.